quarta-feira, 31 de agosto de 2011

domingo, 21 de agosto de 2011

Vocação a Vida Consagrada

Neste 3° Domingo do mês de agosto, a Igreja reza pelas vocações a vida religiosa consagrada, que o Senhor da Messe e Pastor do Rebanho conceda aos religiosos e religiosas a graça da perseverança, e que Ele continue enviando muitos outros para essa vocação de especial consagração na Igreja. Assista a um vídeo em homenagem àqueles que tudo deixaram em prol do Reino de Deus.


Santo da Semana- Santa Rosa de Lima

FESTA: 23 de Agosto


Santa Rosa de Lima, rogai por nós!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Discurso de Bento XVI em sua chegada a Madri para a JMJ 2011

Majestades,
Senhor Cardeal Arcebispo de Madri,
Senhores Cardeais,
Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Distintas Autoridade Nacionais, Autonômicas e Locais,
Querido povo de Madri e da Espanha inteira!

Obrigado, Majestade, pela sua presença aqui, juntamente com a Rainha, e pelas palavras deferentes e amigas de boas-vindas que me dirigiu. Palavras que me fazem reviver as inesquecíveis demonstrações de simpatia recebidas nas minhas anteriores visitas apostólicas a Espanha, e de modo muito particular na minha recente viagem a Santiago de Compostela e a Barcelona. Saúdo cordialmente todos vós que vos encontrais reunidos aqui em Barajas, e quantos acompanham esta cerimônia através do rádio e da televisão. Uma menção muito agradecida desejo fazer aos que com tanto zelo e dedicação, nas instituições eclesiais e civis, contribuíram com o seu esforço e trabalho para que esta Jornada Mundial da Juventude em Madri decorra em boa ordem e se cubra de abundantes frutos.

Desejo também agradecer de todo o coração a hospitalidade de tantas famílias, paróquias, colégios e outras instituições que acolheram os jovens vindos de todo o mundo, primeiro nas diversas regiões e cidades da Espanha e agora nesta grande cidade de Madri, cosmopolita e sempre de portas abertas.

Venho aqui para me encontrar com milhares de jovens de todo o mundo, católicos, interessados por Cristo ou à procura da verdade que dê sentido genuíno à sua existência.Chego como Sucessor de Pedro para confirmar todos na fé, vivendo alguns dias de intensa atividade pastoral para anunciar que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Para animar o compromisso de construir o Reino de Deus no mundo, no meio de nós. Para exortar os jovens a encontrarem-se pessoalmente com Cristo Amigo e assim, radicados na sua Pessoa, converterem-se em seus fiéis seguidores e valorosas testemunhas.

Esta multidão de jovens que veio a Madri… porque e para que vieram? Embora a resposta deva ser dada por eles próprios, pode-se entretanto pensar que desejam escutar a Palavra de Deus, como lhes foi proposto no lema para esta Jornada Mundial da Juventude, de tal maneira que, arraigados e edificados em Cristo, manifestem a firmeza da sua fé.

Muitos deles talvez tenham ouvido a voz de Deus apenas como um leve sussurro, que os impeliu a procurá-Lo mais diligentemente e a partilhar com outros a experiência da força que tem na suas vidas. Esta descoberta do Deus vivo revigora os jovens e abre os seus olhos para os desafios do mundo onde vivem, com as suas possibilidades e limitaçõesVeem a superficialidade, o consumismo e o hedonismo imperantes, tanta banalidade na vivência da sexualidade, tanto egoísmo, tanta corrupção. E sabem que, sem Deus, seria difícil afrontar estes desafios e ser verdadeiramente felizes, colocando para isso todo o entusiasmo na consecução duma vida autêntica. Mas, com Ele a seu lado, terão luz para caminhar e razões para esperar, não se detendo nem mesmo diante dos ideais mais altos, que hão-de motivar os seus generosos compromissos para a construção de uma sociedade onde se respeite a dignidade humana e uma efetiva fraternidade. Aqui, nesta Jornada, têm uma ocasião privilegiada para colocar em comum as suas aspirações, trocar reciprocamente a riqueza das suas culturas e experiências, animar-se mutuamente num caminho de fé e de vida, no qual alguns se julgam sozinhos ou ignorados nos seus ambientes quotidianos. Mas não! Não estão sozinhos. Muitos da sua idade partilham os mesmos propósitos deles e, confiando inteiramente em Cristo, sabem que têm realmente um futuro à sua frente e não temem os compromissos decisivos que preenchem toda a vida. Por isso me dá imensa alegria poder escutá-los, rezarmos juntos e celebrar a Eucaristia com eles. A Jornada Mundial da Juventude traz-nos uma mensagem de esperança, como uma brisa de ar puro e juvenil, com aromas renovadores que nos enchem de confiança face ao amanhã da Igreja e do mundo.
Não faltam, certamente, dificuldades. Subsistem tensões e confrontos em aberto em muitos lugares do mundo, inclusive com derramamento de sangue. A justiça e o sublime valor da pessoa humana facilmente se curvam a interesses egoístas, materiais e ideológicos. Não sempre se respeita, como é devido, o meio ambiente e a natureza, que Deus criou com tanto amor. Além disso, muitos jovens olham com preocupação para o futuro diante da dificuldade de encontrar um trabalho digno, ou por terem perdido o emprego, ou por ser este muito precário. Há outros que precisam de prevenção para não cair na rede das drogas, ou de uma ajuda eficaz, caso desgraçadamente já tenham caído nela. Há muitos que, por causa da sua fé em Cristo, são vítimas de discriminação, que gera o desprezo e a perseguição, aberta ou dissimulada, que sofrem em determinadas regiões e países. Molestam-lhes querendo afastá-los d’Ele, privando-os dos sinais da sua presença na vida pública e silenciando mesmo o seu santo Nome. Mas, eu volto a dizer aos jovens, com todas as forças do meu coração: Que nada e ninguém vos tire a paz; não vos envergonheis do Senhor. Ele fez questão de fazer-se igual a nós e experimentar as nossas angústias para levá-las a Deus, e assim nos salvou.

Neste contexto, é urgente ajudar os jovens discípulos de Jesus a permanecerem firmes na fé e a assumirem a maravilhosa aventura de anunciá-la e testemunhá-la abertamente com a sua própria vida
. Um testemunho corajoso e cheio de amor pelo homem irmão, ao mesmo tempo decidido e prudente, sem ocultar a própria identidade cristã, num clima de respeitosa convivência com outras legítimas opções e exigindo ao mesmo tempo o devido respeito pelas próprias.

Majestade, ao renovar-lhes o meu agradecimento pelas deferentes boas-vindas que me proporcionaram, desejo exprimir também o meu apreço e proximidade a todos os povos de Espanha, bem como a minha admiração por um País tão rico de história e cultura, pela vitalidade da sua fé, que frutificou em tantos santos e santas de todas as épocas, em numerosos homens e mulheres que, deixando a sua terra, levaram o Evangelho a todos os cantos do mundo, e em pessoas rectas, solidárias e bondosas por todo o seu território. Trata-se de um grande tesouro, que vale a pena, sem dúvida, cuidar com atitude construtiva, para o bem comum de hoje e para oferecer um horizonte luminoso ao porvir das novas gerações. Embora atualmente haja motivos de preocupação, maior é a solicitude dos espanhóis pela sua superação com esse dinamismo que os caracteriza e para o qual contribuem imenso as suas profundas raízes cristãs, muito fecundas ao longo dos séculos.

Daqui saúdo com grande cordialidade todos os queridos amigos espanhóis e madrilenos, e quantos vieram de outras terras. Durante estes dias estarei junto de vós, mas tendo também muito presente todos os jovens do mundo, particularmente os que atravessam provações de diversa índole. Ao confiar este encontro à Santíssima Virgem Maria e à intercessão dos Santos protetores desta Jornada, peço a Deus que abençoe e proteja sempre os filhos da Espanha. Muito obrigado.




Fonte: noticias.cancaonova.com

terça-feira, 16 de agosto de 2011

JMJ: A Igreja e a Juventude

Neste mês de Agosto, nos dias 16 a 21 em Madrid na Espanha, acontecerá a 26° Jornada Mundial da Juventude, um momento marcante que congrega jovens católicos ( e também não católicos) diante de uma convocação do Santo Padre para peregrinarem a um determinado país e, ali, ter um encontro com Jesus Cristo como num grande cenáculo.
A JMJ foi criada pelo Papa (hoje Beato) João Paulo II em 1986, tendo reunido quase 13 milhões de pessoas ao longo de sua história, tornando-se o maior evento jovem do mundo, que vem se renovando a cada nova geração de jovens católicos, seu principal objetivo foi ressaltado pelo seu criador, João Paulo II: "o principal objetivo de uma Jornada Mundial da Juventude é fazer a pessoa de Jesus o centro da fé e da vida de cada jovem, para que Ele possa ser seu ponto de referência constante e também a inspiração para cada iniciativa e compromisso para a educação das novas gerações".
Com a morte de João Paulo II em 2005, pensou-se que o número de participantes cairia,mas houve o contrário, mais de 2,5 milhões de jovens peregrinaram rumo à cidade de Colônia-Alemanha, para encontrarem-se com o novo Papa eleito Bento XVI. Um dos participantes daquele ano, Hugo Daniel,  exprimiu: "Essa JMJ 2005 vai ser emocionante, pois será a primeira Jornada com dois Papas: um no céu e outro na terra".
O Papa Bento XVI concedeu a possibilidade de ganhar indulgências àqueles que participarem da JMJ, em concreto:

•    Concede-se a indulgência plenária aos fiéis que participem devotamente em qualquer cerimónia sagrada ou acção piedosa que se celebre em Madrid durante a XXVI Jornada Mundial da Juventude e na sua conclusão solene, desde que, confessados e verdadeiramente arrependidos, recebam a santa comunhão e rezem com devoção pelas intenções de Sua Santidade.


•    Se concede la indulgencia parcial a los fieles, dondequiera que se encuentren durante la mencionada Jornada Mundial, si al menos con ánimo contrito, elevan sus súplicas a Dios Espíritu Santo, para que impulse a los jóvenes a la caridad y les dé la fuerza de anunciar el Evangelio con su propia vida.

O que são as indulgências? (Catecismo da Igreja Católica, n. 1471 e seguintes)
•    A indulgência é a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições, pela acção da Igreja, a qual, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos.
•    O fiel pode lucrar para si mesmo as indulgências ou aplicá-las aos defuntos.
•    Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, deve ter-se presente que o pecado tem uma dupla consequência.
o    O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, portanto, torna-nos incapazes da vida eterna, cuja privação se chama «pena eterna» do pecado.
o    Por outro lado, todo o pecado, mesmo venial, traz consigo um apego desordenado às criaturas, o qual precisa de ser purificado, quer nesta vida quer depois da morte, no estado que se chama Purgatório. Esta purificação liberta do que se chama «pena temporal» do pecado.
Condições para ganhar as Indulgências
•    Ser baptizado
•    Estar em estado de graça
•    Ter intenção de receber a Indulgência
Cumprir com as outras condições que a Igreja determinou para a Indulgência que se deseja obter:
para a Indulgência Plenária: estar arrependido dos pecados, realizar a acção requerida para a dita indulgência (neste caso a participação na JMJ) e, além disso, fazer uma confissão sacramental, receber a sagrada comunhão e rezar pelas intenções do Papa (um Pai Nosso e uma Ave-maria, por exemplo). Finalmente, há que estar livre de todo a ligação ao pecado, incluindo os pecados veniais.
para Indulgência Parcial: estar arrependido dos pecados e realizar a acção requerida para a referida Indulgência (neste caso a participação na JMJ)


Tudo isso mostra o quanto a Igreja ama a juventude, e quanto os jovens amam a Igreja. O Brasil é um forte candidato para sediar a próxima Jornada, aos que vão à Madrid e também a nós que ficamos, que estejamos unidos ao Santo Padre, e mais ainda, edificados e enraizados em Cristo, nosso Salvador.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Como é bom agradecer ao Senhor

A Palavra de Deus diz que "Quem pede, recebe", e quando pedimos e alcançamos o que precisamos, sempre é bom agradecer, para agradecermos a Jesus por tantos prodígios realizados a nosso favor, mande seus testemunhos para nós e na medida do possível publicaremos aqui.

Santo da Semana- Santa Helena

Santa HelenaFesta: 18 de Agosto
Lembramos neste dia a santa que depois da conversão se dedicou na ajuda ao Cristianismo no tempo da liberdade religiosa acontecida durante o Império Romano. Nascida no ano de 255 em Bitínia, de família plebéia, no tempo da juventude trabalhava numa pensão, até conhecer e casar-se com o oficial do exército romano, chamado Constâncio Cloro.

Fruto do casamento de Helena foi Constantino, o futuro Imperador, o qual tornou-se seu consolo quando Constâncio Cloro deixou-a para casar-se com a princesa Teodora e governar o Império Romano. Diante do falecimento do esposo, o filho que avançava na carreira militar substituiu o pai na função imperial, e devido a vitória alcançada nas portas de Roma, tornou-se Imperador.

Aconteceu que Helena converteu-se ao Cristianismo, ou ainda tenha sido convertida pelo filho que decidiu seguir Jesus e proclamar em 313 o Édito de Milão, o qual deu liberdade à religião cristã, isto depois de vencer uma terrível batalha a partir de uma visão da Cruz. Certeza é que no Império Romano a fervorosa e religiosa Santa Helena foi quem encontrou a Cruz de Jesus e ajudou a Igreja de Cristo, a qual saindo das catacumbas pôde evangelizar e com o auxílio de Santa Helena construir basílicas nos lugares santos.

Faleceu em 327 ou 328 em Nicomédia, pouco depois de sua visita à Terra Santa. Os seus restos foram transportados para Roma, onde se vê ainda agora, no Vaticano, o sarcófago de pórfiro que os inclui.

Santa Helena, rogai por nós!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Santo da Semana- Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein)

Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein)

Uma Família Judia e Alemã
Edith Stein nasceu na cidade de Breslau - Alemanha (hoje Wrocslau -Polônia), no dia 12 de outubro de 1891 em uma família judia. Ela era a caçula entre onze filhos, quatro dos quais faleceriam precocemente, ainda na primeira infância e seu pai, um comerciante de madeira, faleceria quando Edith tinha dois anos de idade, vítima de insolação em uma viagem de negócios pelo interior da Alemanha.
Restou à sua mãe e aos irmãos mais velhos, tocar os negócios da família no que obtiveram sempre bastante sucesso.
A mãe, Auguste Stein, era uma mulher prática e bem sucedida em seus negócios, sendo ainda dona-de-casa e ensinando aos filhos a arte de uma vida confortável, sem sobressaltos materiais, porém parcimoniosa, sem luxos ou ostentações.
Assim foi transcorrendo a infância de Edith, naquele meio provinciano e liberal de final de século XIX e início de século XX, com as marcas características da cultura hebraica naquela sociedade alemã.
O Despertar Acadêmico
Mas desde cedo, Edith demonstrou ter forte determinação e caráter inabalável, nunca desistindo de algo que desejava senão quando o obtinha. Em sua vida escolar, Edith desde o início sempre se mostrou brilhante e destacada, ficando costumeiramente entre as melhores da classe, com excelentes notas e notável participação nas aulas.
Entretanto, por volta dos catorze anos ela começou a atravessar uma crise adolescente, que duraria ainda uns dois anos pelos menos. Edith se recusou a continuar os estudos e a sra. Auguste, prudente em não contraria-la, ao mesmo tempo compreensiva com as dificuldades interiores da filha, a enviou para a cidade de Hamburgo, para morar com sua Irmã mais velha e casada - Else e ajuda-la nas diversas tarefas domésticas.
A mãe de Edith, tinha esperança que desta maneira, a filha estaria se preparando melhor para sua futura vida de esposa e mãe de família. A menina porém, revelou-se bastante inepta para o serviço da casa e além disso, sua irmã vivia uma crise conjugal aguda e a cidade de Hamburgo, muito grande e fria, tornaram aquela estadia de pouco mais de um ano, um fardo para Edith, aprofundando mais ainda a crise pela qual passava, que a levou na época ao abandono total das práticas religiosas e à descrença consciente em Deus.
Edith retornou então ao lar e manifestou à sua mãe o desejo de retornar aos estudos. A sra.Stein, proporcionou à filha aulas particulares para que, após os exames, Edith pudesse entrar diretamente no Ensino Médio, o que ocorreu no ano de 1908 no Liceu Vitória. Após três brilhantes anos de estudo, Edith diplomou-se entre os primeiros lugares e em 1911 foi admitida ao bacharelado, de acordo com a legislação educacional da época.
Na Universidade de Breslau, ela cursou psicologia em seu curso principal e paralelamente letras e história, na busca da verdade última das coisas e cedo se decepcionaria com os estreitos horizontes oferecidos por aqueles cursos.
Através de alguns colegas, Edith ouvira falar da fenomenologia, que era ensinada pelo professor Edmund Husserl na Universidade de Göttingen, para onde ela se dirige em 1913.
O Círculo de Göttingen
Lá chegando, além dos contatos com aquele professor, ela vai fazer amizades com os filósofos que faziam parte do chamado círculo fenomenológico de Gottingen, entre eles o casal Ana e Adolf Reinach e o casal Hedwig e Theodor Conrad-Martius, de influência decisiva e marcante para toda sua vida a seguir. Aquilo que Edith aprendia nas aulas com seu professor, nas leituras e em seus trabalhos filosóficos, ela discutia e vivenciava com seu novo círculo de amigos.
Quando estourou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), muitos amigos de Edith Stein foram enviados ao front para combater e ela considerando um dever imita-los, além de prestar algum tipo de ajuda ao povo de seu País naquele momento terrível de sua História, resolveu partir voluntariamente como enfermeira em algum hospital de Campanha.
Assim fez e após um breve curso na Cruz Vermelha e algumas discussões com sua mãe, em 1915 Edith partiu para o improvisado hospital em Mährisch-Weisskirchen, na Áustria e lá acabou fazendo-se notar por colegas superiores e pacientes, pelo seu extremo devotamento e disponibilidade.
Seria esta, a primeira grande experiência para ela - da angústia, do sofrimento e da morte.
De volta a Göttingen, Edith começou a escrever sua tese de doutoramento. Após vários meses de exaustivas leituras, muitas discussões com o mestre e alguns colegas, além de noites insones perdidas em anotações sem fim, em agosto de 1916 - Edith Stein apresenta sua tese para uma rígida banca examinadora de professores da Universidade. O resultado final, após quase oito horas de exame, foi uma nota máxima para sua tese, com a menção honrosa "summa cum laude" ou "máxima com louvor" - a maior graduação possível. Naquele momento a Dra. Edith Stein , se colocava entre as únicas doze mulheres doutoras, que existiram na Alemanha dos últimos 500 anos !
A Conversão
No verão de 1921, Edith passava férias na casa de campo do casal Conrad-Martius em Bergzabern - uma bela região do interior da Alemanha. Ela dividia o seu dia com seus amigos, ajudando-os na colheita e acondicionamento de frutos de seu pomar, participando de animados passeios pelos arredores e de conversas sobre os mais variados assuntos. Estando uma tarde sózinha, pegou ao acaso um volume da biblioteca da casa - a autobiografia de Santa Teresa De Ávila; Edith ficou tão fascinada e entretida com o que lia, que entre o fim de tarde e o raiar do dia seguinte, leu inteiramente o volumoso texto e quando o terminou teria exclamado para si mesma: "- Eis a Verdade !".
No dia seguinte bem cedo, Edith se dirigiu à cidade para comprar um missal e um catecismo para mergulhar com profundidade na doutrina católica e já no domingo seguinte foi a uma igreja assistir uma missa, após a qual se dirigiu à sacristia, seguindo o idoso sacerdote que havia acabado de celebrar e dizendo-lhe sem delongas que desejava receber o batismo.
Após algumas conversas examinatórias, Edith Stein seria batizada a 1° de janeiro de 1922, tendo por madrinha sua querida amiga Hedwig Conrad-Martius.
Edith acrescentaria então ao seu nome cristão - "Teresa" e "Hedwig" - em homenagem à Santa Teresa de Ávila, cuja leitura de sua autobiografia havia deflagrado sua conversão e em homenagem à sua amiga e agora madrinha Hedwig Conrad-Martius.
Ela possuía a clareza de que uma das tarefas mais difíceis de sua vida, seria a comunicação de sua conversão à mãe Auguste, e assim o foi, pois ela, apesar de contida a sua dor e de demonstrações afetivas à filha, nunca compreenderia e aceitaria a adesão de Edith ao catolicismo.
Trabalho e Oração
Edith havia se demitido do trabalho de assistente de Edmund Husserl. Por outro lado após o seu batismo, logo seguido da Primeira Comunhão - Edith ansiava por pertencer à Ordem das Carmelitas Descalças - reformada por Santa Teresa de Ávila.
Entretanto, os dois diretores espirituais de Edith - primeiro o Padre Schwind e depois o Padre abade Rafael Walzer, a proibiram num primeiro momento de tomar os votos religiosos, pois ambos eram de parecer que, além disso vir a significar um tremendo choque para sua mãe, seria mais interessante para o serviço de Deus, que ela colocasse seus talentos acadêmicos no mundo.
Edith tornou-se então, professora na escola de moças das dominicanas em Spira e assim com seu trabalho, ela começou a compreender a discrepância entre a realidade vivida pelas jovens alemãs e sua formação pedagógica, presa a inúmeros formalismos arcaicos de origem iluminista e positivista, que não levavam em conta nem a época em que elas viviam e nem as especificidades inerentes à condição feminina.
Nesse período, o padre jesuíta Erich Przywara, passou também a ser de grande influência sobre Edith, no sentido de estimular-lhe seus dons de conferencista, o que teve como conseqüência intensas viagens dela pela Alemanha expor outros países da Europa, geralmente patrocinada e convidada por Instituições Católicas - leigas em sua maioria, como a "União Católica das Mulheres Alemãs", entre outras.
Como professora, junto de suas jovens alunas, Edith elaborou métodos de educação inovadores, que além de atrair e interessar as moças pelo estudo e conhecimento , contribuíam para sua formação moral e espiritual, na qualidade de pessoas e de mulheres católicas.
Subindo o Monte Carmelo
A Drª Edith Stein tentou então se habilitar para uma cátedra universitária, na sua área de formação. Ela acabou aceitando um convite de docência no Instituto Alemão de Pedagogia Científica, na cidade de Münster. Aí então, a empatia com suas alunas foi total e segundo seus próprios testemunhos, Edith irradiava encanto, verdade e doçura - na sua busca radical e permanente de estar próxima a Cristo e trazer-Lhe outras pessoas para também partilharem com ela de Sua Inefável Companhia.
Todo esse caminho trilhado por Edith chegaria a um repentino fim - repentino fim, mas já de certa forma anunciado. Corria o ano de 1933 e o Partido Nacional Socialista (Nazista) de Hitler chegava ao Poder. Uma das primeiras leis nazistas foi a total exclusão de toda pessoa não-ariana dos quadros do magistério público e particular da Alemanha, em todos os níveis de escolarização: das escolas infantis aos cursos universitários de graduação e especialização, passando por todos os níveis técnicos, complementares e de extensão, de qualquer espécie. Apesar da insistência de um Instituto de Educação Católico, no sentido em que Edith Stein aceitasse uma vaga de docência na América do Sul, ela a recusou.
No Carmelo de Colônia
Após uma carta de recomendação do Padre Abade Walzer aos superiores da Ordem do Carmelo, Edith seria aceita sem restrições ao noviciado no Carmelo de Colônia-Lindenthal e tomaria o hábito das carmelitas a 15 de abril de 1934, com o nome religioso de Teresa Benedita da Cruz - Teresa Abençoada pela Cruz.
Nessa cerimônia, ocorreu algo nunca antes visto naquele Carmelo: a afluência de grande multidão para prestar homenagem e apreço por Edith. Entre os presentes, estava seus amigos e antigos colegas filósofos de Göttingen; representantes de Associações e Instituições Católicas Femininas e das escolas onde Edith lecionara, bem como de suas ex-colegas professoras e várias ex-alunas.
Entretanto, nenhum membro de sua família compareceu e quando Edith em uma última visita a mãe e ao lar em Breslau, antes da tomada de hábito comunicou-lhe a decisão, a cruz pesou um pouco mais nos ombros de Edith, com o nítido aumento da dor de sua querida mãe e do definitivo distanciamento entre elas, até o falecimento da sra. Auguste, no ano de 1936, que nunca respondeu nenhuma das cartas que a filha semanalmente lhe enviaria do Carmelo.
Dois anos depois a 21 de abril de 1938, Edith realiza sua Profissão Solene e Perpétua, nos tradicionais votos religiosos de Castidade, Pobreza e Obediência, tomando então o hábito marrom definitivo das carmelitas. Quando Edith escolheu a vida religiosa do Carmelo, já estava interiormente preparada para renunciar integralmente à sua vida intelectual, proibindo expressamente seus amigos de realizarem quaisquer instâncias junto aos Superiores no sentido deles abrirem-lhe uma exceção quanto a esse trabalho.
Qual não foi a surpresa da noviça, quando recebeu não só autorização, como recomendação e ordem dos Superiores do Carmelo em anuência com sua Madre Superiora, para que ela prosseguisse (adaptando-se aos novos hábitos e deveres) com seu trabalho intelectual e particularmente com uma análise do Pensamento Escolástico de Santo Tomás de Aquino à luz da fenomenologia e a tradução da obra "De Veritates" do santo e pensador católico medieval -trabalhos estes, que já estavam em andamento desde os tempos das conferências de Edith. Ela acabou se adaptando plenamente à vida religiosa, cumprindo como sempre - de maneira conscienciosa todos os deveres da vida comunitária religiosa - cozinha, costura, enfermaria, limpeza, leituras, orações e mortificações - e tudo isso feito em estreita obediência e disciplina.
Do silêncio e da clausura, Edith acompanhava inquieta e preocupada as notícias - cada vez mais alarmantes - da perseguição nazista aos judeus. As medidas legais de restrição, exclusão e expulsão dos judeus da sociedade alemã, eram paulatinamente tomadas com ousadia, prepotência e crueldade, por parte dos representantes do Reich. Mas foi após a chamada "Noite dos Cristais", que Edith e seus superiores, tomaram plena consciência dos perigos reais que ela corria na Alemanha. Por este motivo, foi obtida para Edith uma transferência para o Carmelo de Echt, na Holanda.
No Carmelo De Echt
Edith sentiu profundo pesar e tristeza, em ter que abandonar suas irmãs de hábito do Carmelo de Colônia, onde havia tido uma adaptação e convívio excelentes. Mas sua acolhida no Carmelo de Echt foi bastante calorosa e amiga. Edith por sua vez, se sentiria novamente em casa e muito bem adaptada ao novo lar, logo vindo a aprender o idioma holandês - o sétimo dentre aqueles que já dominava.
Ainda em 1939, a irmã de Edith - Rosa , viria a seu encontro no Carmelo, juntando-se a ela em sua vida religiosa..Rosa fora o único membro da família Stein , a não esfriar seu relacionamento com Edith em função de sua conversão e entrada na vida religiosa católica, pois ela mesma - desde a época da conversão da irmã, aspirava por ser católica, e em 1936 com o conhecimento e regozijo de Edith e logo após a morte da mãe, Rosa se faria batizar no seio da Igreja. Assim sendo, Rosa assumiu os serviços de portaria no Carmelo de Echt, permanecendo como irmã leiga carmelita, não chegando a se tornar noviça nem a professar os votos religiosos, porque os superiores do Carmelo, acharam uma temeridade, diante da situação política instável e francamente desfavorável aos judeus, admitirem quase de uma só vez, duas judias e irmãs de sangue à vida religiosa.
A Segunda Guerra Mundial se iniciara, com a invasão alemã na Polônia - o que seria apenas o início da expansão nazista pela Europa e pelo mundo e a Holanda foi invadida e anexada ao Reich Alemão em 1941.
A propria família de Edith dispersera-se, uma parte emigrou para os Estados Unidos e a outra acabou por desaparecer nos guetos e nos campos de concentração.
No Carmelo de Echt, começaram a ser multiplicadas as instâncias para a transferência de Edith e de sua irmã Rosa, para um Carmelo suíço, onde elas estariam realmente a salvo. Por parte das autoridades religiosas locais, as coisas correram muito bem e as duas já estavam aceitas, mas com as autoridades civis suíças, os procedimentos burocráticos se arrastavam indefinidamente.
O Comissário Schmidt do governo holandês e representante do poder nazista alemão naquele país, havia garantido que os judeus convertidos ao cristianismo - protestante ou católico, não seriam importunados e seriam tratados como cidadãos comuns. Isso deixou a comunidade do Carmelo de Echt provisoriamente mais tranqüila e sem tanta pressa de transferir Edith e Rosa, mas como muitas outras afirmações e promessas feitas pelos nazistas em diversas ocasiões,esta se revelaria em breve mais uma mentira de ocasião.
A 26 de julho de 1942, os bispos holandeses tomaram uma posição formal contra as crueldades e barbáries praticadas pelos nazistas em seu país e na Europa em geral - redigido e fazendo ler em todas as paróquias da Holanda, uma Carta Pastoral de condenação expressa do Regime e em particular das deportações em massa perpetradas contra os judeus. Para Hitler e seus sequazes, isso seria encarado como uma verdadeira declaração de guerra da Igreja Católica local contra eles e que por sua vez, dariam um tipo de resposta à qual já estavam bastante habituados.
A prisão e a morte.
Em 2 de agosto de 1942, dois oficiais da S.S se apresentaram ao Carmelo de Echt, com ordens de levar Edith e Rosa - que foram levadas de lá meia hora depois, carregando alguns pertences básicos, em meio à benção de sua amorosa Madre, das orações aflitas de toda a comunidade e da indignação geral de um grande grupo de holandeses que se juntara à porta do convento. Neste dia, 242 judeus católicos foram deportados para campos de concentração, como represália do Regime Nazista à mensagem dos bispos holandeses. Edith e Rosa foram levadas em um comboio de carga, junto com outras centenas de judeus e dezenas de convertidos, ao norte da Holanda no campo de Westerbork.
Segundo testemunhas de sobreviventes, Edith apesar de abatida e profundamente consternada com sua situação, se diferenciava bastante dos outros prisioneiros que se entregavam ao desespero, lamentações ou prostração total. Edith Stein , com todo seu sofrimento contido, andava de um lado para o outro, procurando consolar os mais aflitos e levantar o ânimo dos abatidos. Além disso, ela se mostrou particularmente solícita e atenciosa com as inúmeras crianças que perambulavam pelo campo sozinhas e confusas - fosse pelo pela separação física de seus pais e parentes, enviados a outros campos aleatoriamente, ou mesmo pelo abandono de atenção e cuidados daqueles que apesar de estarem ali, já haviam se entregue ao desespero e mesmo à loucura, esquecendo-se totalmente dos seus. Ainda de acordo com testemunhas oculares, era muito comum ver "aquela freira alemã", banhando, penteando e alimentando um sem-número de crianças, quase ao mesmo tempo. Assim Edith viveu alguns dias, suportando com paciência, doçura e conformidade à Vontade de Deus, seu intenso sofrimento pessoal e daqueles que a cercavam.
No dia 7 de agosto de 1942 - Edith, Rosa e centenas de homens, mulheres e crianças, subiram a bordo do trem que os levaria ao campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau , ao qual chegariam dois dias depois.
Apesar de muitas incertezas a respeito, com a avaliação de depoimentos e narrações posteriores ao final da Guerra, com grande probabilidade - Edith e Rosa foram mortas na câmara de gás, poucas horas depois de chegarem. Seus corpos, como os de milhões de outras pessoas, após o macabro "banho de gás" ao qual eram submetidos, foram queimados.
Uma Santa de Nosso Tempo
A 4 de janeiro de 1962 na cidade de Colônia, seria iniciado o Processo de Beatificação da Irmã Carmelita Teresa Benedita da Cruz, que chegaria a seu termo a 1° de maio de 1987, quando S.S. o Papa João Paulo II, celebraria a cerimônia de beatificação de Edith Stein na mesma cidade de Colônia.
No dia 11 de outubro de 1998, o Sumo Pontíficie coroou a vida de Teresa Benedita da Cruz - Edith Stein, com sua canonização em Roma, instituindo oficialmente no Calendário Litúrgico, a data de 9 de agosto - como o Dia especialmente dedicado ao culto de Santa Edith Stein .
Naquela solene celebração, estavam presentes entre milhares de pessoas, paroquianos da cidade de Colônia, da cidade de Wrocslau (Breslau) e da cidade de Echt, autoridades civis e religiosas da Alemanha, Polônia e Holanda, representantes de Associações Católicas desses tres países - fundadas sob a inspiração de Edith Stein, superiores da Ordem do Carmelo e representantes dos dois conventos por onde Edith passou, bem como vários membros da família Stein.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Misericórdia em Gotas

"Fica sabendo que, quando mortificas em ti a vontade própria, então a Minha vontade reina em ti."
(Jesus a Santa Faustina, Diário n° 365)