Origem da festa de "Corpus Christi"
Vários
 motivos haviam conduzido a Sé Apostólica a dar esse novo impulso à 
piedade eucarística, estendendo a toda a Igreja uma devoção que já se 
praticava em certas regiões da Bélgica, Alemanha e Polônia. O primeiro 
deles remonta à época em que Urbano IV, então membro do clero de Liège, 
na Bélgica, analisou de perto o conteúdo das revelações com as quais o 
Senhor Se dignara favorecer uma jovem religiosa do mosteiro agostiniano 
de Mont Cornillon, próximo a essa cidade.
Em
 1208, quando contava apenas 16 anos, Juliana fora objeto de uma 
singular visão: um refulgente disco branco, semelhante à lua cheia, 
tendo um dos seus lados obscurecido por uma mancha. Após alguns anos de 
intensa oração, fora-lhe revelado o significado daquela luminosa "lua 
incompleta": ela simbolizava a Liturgia da Igreja, à qual faltava uma 
solenidade em louvor ao Santíssimo Sacramento. Santa Juliana de Mont 
Cornillon fora por Deus escolhida para comunicar ao mundo esse desejo 
celeste.
Mais
 de vinte anos se passaram até que a piedosa monja, dominando a 
repugnância proveniente de sua profunda humildade, se decidisse a 
cumprir sua missão, relatando a mensagem que recebera. A pedido seu, 
foram consultados vários teólogos, entre o quais o padre Jacques 
Pantaléon - futuro Bispo de Verdun e Patriarca de Jerusalém -, e este 
mostrou- se entusiasta das revelações de Juliana.
Transcorridas
 algumas décadas, e já após a morte da santa vidente, quis a Divina 
Providência que ele fosse elevado ao Sólio Pontifício, em 1261, tomando o
 nome de Urbano IV.
Encontrava-se
 esse Papa em Orvieto, no verão de 1264, quando chegou a notícia de que,
 a pouca distância dali, na cidade de Bolsena, durante uma Missa na 
Igreja de Santa Cristina, o celebrante - que passava por provações 
quanto à presença real de Cristo na Eucaristia - vira transformar- se em
 suas próprias mãos a Sagrada Hóstia em um pedaço de carne, que 
derramava abundante sangue sobre os corporais.
A
 notícia do milagre espalhou-se rapidamente pela região. Informado de 
todos os detalhes, o Papa mandou trazer as relíquias para Orvieto, com a
 reverência e a solenidade devidas. E ele mesmo, acompanhado de 
numerosos Cardeais e Bispos, saiu ao encontro da procissão formada para 
conduzi-las à catedral.
Pouco depois, em 11 de agosto do mesmo ano, Urbano IV emitia a bula Transiturus de hoc mundo,
 pela qual determinava a solene celebração da festa de Corpus Christi em
 toda a Igreja. Uma afirmação contida no texto do documento deixava 
entrever ainda um terceiro motivo que contribuíra para a promulgação da 
mencionada festa no calendário litúrgico: "Ainda que renovemos todos
 os dias na Missa a memória da instituição desse Sacramento, estimamos 
todavia, conveniente que seja celebrada mais solenemente pelo menos uma 
vez ao ano para confundir particularmente os hereges; pois, na 
Quinta-Feira Santa a Igreja ocupa-se com a reconciliação dos penitentes,
 a consagração do santo crisma, o lava-pés e muitas outras funções que 
lhe impedem de voltar-se plenamente à veneração desse mistério".
Assim,
 a solenidade do Santíssimo Corpo de Cristo nascia também para 
contrarrestar a perniciosa influência de certas ideias heréticas que se 
alastravam entre o povo, em detrimento da verdadeira Fé.
Jesus sacramentado, nosso Deus amado! 

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